Report 2010

A aventura acabou...
Já estamos de volta ao chuvoso e frio Portugal. Estar no Cape Epic foi algo mágico, as coisas passaram tão rápido que somente nestes dias começamos a perceber tudo pelo que passamos. Antes de continuar gostaria de felicitar todas as equipas portuguesas pois cumpriram o objectivo principal de qualquer equipa que inicie o Cape Epic, terminar.

Dia 8: Oak Valley - Lourensford
60 Km, 3h35m, 17km/h, 2748 cal, 1602m


Último dia desta grande Aventura, antes da partida o nervoso miúdo apertava um pouco. Apesar de já termos feito 7 etapas esta era a última e faltava muito pouco para termos a nossa medalha de finalista. Arrancamos novamente com os da frente e o início era tudo menos fácil, 30km quase sempre a subir. As subidas eram duras mas valeu a pena, a vista era fantástica. Depois de chegarmos ao ponto mais alto, descida muito técnica cheia de pedras. Após o único abastecimento tivemos que efectuar 1km com as bicicletas à mão pois tratava-se de uma reserva nacional. Quando vimos a placa dos últimos 5 km pedalamos ainda mais rápido, o objectivo de todo o treino de 9 meses estava quase ali. A chegada era absolutamente fantástica, nos últimos 500m muita gente a bater palmas. Gostaríamos de agradecer a todos os nossos amigos e família pelo apoio que nos deram durante os treinos e a competição. Um agradecimento especial para a Susana e a Daniela, sem elas tudo teria sido mais difícil, foram incansáveis no apoio durante os nossos treinos e na preparação de todas as etapas.

Dia 7: Oak Valley – Oak Valley
98 km, 5h31m, 17.9 km/h, 4181 cal, 2309m

Desta vez conseguimos partir na frente e as coisas tornaram-se um pouco mais fáceis. Mesmo assim tivemos um problema nos primeiros km, com o desviador dianteiro do André, pois o mecânico da Specialized esqueceu-se de apertar bem o cabo e este desapertou-se. Entrou o mecânico de serviço da equipa em acção e problema resolvido em 3 minutos. O percurso era muito duro, subidas curtas mas íngremes, com muita areia. Nas partes mais planas tínhamos vento contra, o que tornou as coisas muito difíceis.


O final era penoso com subidas e descidas constantes mas, depois de 5h30m, chegamos ao fim num grande sprint com uma equipa que apanhamos antes da meta. Foi um dia muito duro mas conseguimos terminar entre os 50 primeiros da nossa classe, algo que perseguíamos desde o início. Agora só falta mais um dia, 65 km, mas com um acumulado bastante considerável, 1600m. Temos recebido muitas mensagens de apoio dos nossos amigos o que nos tem ajudado bastante durante toda a competição: Obrigado a todo!!!

Dia 6: Worcester – Oak Valley
116 km, 6h03m, 19.3 km/h, 5041 cal, 2180m
O dia mais longo e duro do Cape Epic!!!

Os primeiros 8 km foram escoltados pela polícia, pois eram em estrada nacional. O barulho de 600 pneus de BTT em alcatrão era impressionante. Mas quando chegamos à terra, grande confusão: quando demos por nós estávamos no fim do pelotão, não havia mais ninguém atrás de nós.
Não podemos facilitar quando vamos em pelotão pois qualquer toque no André pode trazer-nos problemas. Não fez mal, começamos a nossa corrida de trás para a frente, como tem sido habitual. O percurso era muito rápido até aos 40 km, mas depois veio a parte mais difícil, subidas longas e muito técnicas. A parte final era a descer em single tracks espectaculares pelo meio de uma floresta. Foi um dia muito bom para nós, pois conseguimos passar 75 equipas até chegarmos à meta.
Tem sido uma aventura fantástica, o único senão foi o André ter caído logo no primeiro dia, mas a vontade de terminar tem superado as muitas dores que ele tem sentido. Já só faltam 2 dias para chegarmos ao fim desta grande aventura.
Vamos descansar para amanhã terminarmos mais um dia.

Dia 5: Worcester – Worcester (contra relógio)
26 km, 1h26m, 18.3 km/h, 1335 cal, 760m


Hoje só precisamos de nos levantar às 7 horas para o pequeno-almoço. A nossa partida era somente às 12:07. A nossa caravana estava num grande sítio, junto às equipas da Scott, Specialized, Merida, Bulls e Trek. Conseguimos assistir ao vivo aos preparativos para as etapas e aos tratamentos depois das etapas. Também assistimos à preparação das bicicletas por parte dos mecânicos (para o ano também vamos ter uma equipa assim!!!). A partida das equipas era de 30 em 30 segundos, por ordem inversa da classificação geral, e era em rampa, havendo uma plateia cheia de miúdos da escola a incentivar os ciclistas. Arrancamos rápido mas custou um pouco a entrar no ritmo, as pernas estavam um pouco duras. Com o decorrer dos km fomos melhorando e passamos várias equipas que tinham partido antes de nós. O percurso era muito bom, com subidas e descidas constantes. Além disso, era bastante divertido e, como eram só 26 km, passou rápido, comparado com as outras etapas.

Dia 4: Ceres – Worcester
88 km, 5h01m, 17.5 km/h, 3558 cal, 1878m


Acordamos todos os dias às 5 h da manhã, partimos às 7 h e dependendo da distância chegamos entre as 12 h e as 14 h. Vamos ao banho, às massagens, verificamos as bicicletas, descansamos um pouco, jantamos às 7 h para às 8 h estarmos na cama. Isto tudo para dizer que não é fácil arranjar tempo para escrevermos na nossa página. O dia de hoje, dentro dos possíveis, correu bem. O percurso tinha subidas bastante técnicas e descidas com muita areia. Hoje, para variar, mais dois azares para o André: uma pequena queda numa zona muito difícil e a perda do GPS. Neste momento chegamos a meio do Cape Epic e amanhã temos um contra relógio de 30 km. Fora os percalços e as dores que o André tem tido as coisas têm corrido bem. O André tem-se portado como um campeão, mesmo com muitas dores quer sempre fazer melhor. Eu cá me vou aguentado e, se as pernas não falharem, daqui a 4 dias cortamos a meta em Lourensford.

Dia 3 Ceres – Ceres
118 Km, 6h21m, 18.7 km/h, 4429 cal, 1842 m

O início é sempre penoso para o André, a questão não é bem o aquecer mas sim o habituar à dor, pois ela está sempre lá. Começamos com calma, como no último dia, e com o decorrer da etapa o André começou a sentir-se melhor. As subidas eram longas e íngremes, mas em estradão, e as descidas muito rápidas. Tinha algum receio do 3º dia, pois já tínhamos 200 km nas pernas, mas depois de arrancarmos sentimos que iria ser o nosso dia. Fomo-nos a lembrar de todos os nossos amigos durante a etapa, e em alguns momentos as lágrimas vieram aos olhos, apesar de sermos os dois que estamos a correr sentimos que estão todos connosco e queríamos dedicar este dia a todos vós. O nosso objectivo principal no Cape Epic é terminar, mas gostávamos de fazer o melhor possível. Durante a corrida vamos conhecendo outras equipas e unindo esforços para ultrapassarmos as dificuldades. O final para variar tinha outra vez muita areia. Mas este era o nosso dia e queríamos dedicar esta etapa a todos vós. Para variar, hoje tivemos outro furo, mas esperem, outra vez o André. Tivemos sorte pois o gel tapou mas, por precaução, mudamos o pneu no fim do dia. Queria deixar aqui uma palavra de apreço a todas as mulheres que estão a fazer o Cape Epic e em especial à Celina, isto é duríssimo para um homem, imagino o que será para uma mulher. Se existisse algum preconceito de vermos uma mulher a andar mais do que nós, aqui tinha que desaparecer muito rápido pois há muitas mulheres a andar que se fartam.

Dia 2: Ceres- Ceres
92 km, 6h:07m, 15.1 km/h, 3663 cal, 1747 m

O André dormiu com bastantes dores e de manhã ainda com muitas dores decidimos continuar. O percurso era muito técnico e com muitos single tracks. Com os 2 braços operacionais era difícil, imaginem com um deles lesionado. Aqui também existem muitos azelhas, quando há uma subida ou descida mais técnica lá estão eles a desmontar. No último abastecimento fiquei um pouco para trás a encher os bidões e quando arranquei pequeno problema técnico, sempre que travava com o travão da frente o fecho rápido desapertava; solução: últimos 30km só com o travão de trás.

 Mesmo com problemas no braço foi difícil apanhar o André e quando o apanhei: furo. Mas esperem, desta vez não fui eu, foi o André. Grande prego no pneu de trás. Tentamos tapar o furo mas não conseguimos, tivemos que montar uma câmara. Estávamos bastante cansados e perdemos quase 15 minutos, mas chegamos mais uma vez ao fim. O Cape Epic é mesmo assim, são 8 dias extremos para as bikes e para nós, tudo pode acontecer. O mais importante é chegarmos ao fim de cada dia e estarmos prontos para partir no dia seguinte.





Dia 1: Diemersfontein – Ceres:
113 km, 6h31m, 17.4 km/h, 4741 cal, 2149 m


Já não era um sonho, era mesmo verdade, estávamos prestes a começar a corrida por etapas mais conhecida do mundo juntamente com mais 599 equipas. Com um ambiente espectacular, às 9 horas iniciou a aventura. Como não temos palmarés partimos com o resto das equipas todas mas nos primeiros km já éramos a melhor equipa portuguesa. As subidas foram longas e as partes planas tinham bastante areia. Nas partes mais planas e nas descidas parecia o pelotão da volta à França, toda a gente na roda de toda a gente.

 A 20 km do fim passamos pelas doninhas e o incentivo delas fez-nos as lágrimas virem aos olhos, as vozes delas tremiam pois, neste ponto, elas sabiam que levávamos 1h15m de atraso em relação aos primeiros e estávamos nos 60 primeiros da nossa classe. Numa parte rápida de alcatrão, quase a 30 km/h, o André teve uma queda violenta. Depois de aguardarmos pelos médicos da corrida, e esperarmos 20 minutos, o André decidiu continuar mas com muitas dores no ombro e omoplata direita. Até ao final ainda tínhamos 7 km no meio de uma linha de comboio, 7000 traves que tivemos que passar. Chegamos ao fim do primeiro dia.









Treinar em Cape Town tem sido uma aventura pois temos que andar pela esquerda e às vezes lá vamos nós contra a mão, mas acima de tudo tem sido uma experiência fantástica. Na mesma cidade temos o mar e a a montanha juntos. Depois, as estradas têm vistas soberbas e anda muita gente de bicicleta, as pessoas são extremamente simpáticas.
Sábado 20, Registration, ABSA Cape Epic
Pela manhã houve lugar ao último treino antes da prova... Estavamos todos bastantes ansiosos...
Depois fomos dar o primeiro passo para a participação na prova: "Registration", que, basicamente, é levantar os nossos dorsais...
Aqui não é propriamente apenas levantar dorsais... Além dos dorsais, que já trazem o "transponder" incorporado para poderem controlar os tempos, tínhamos que levantar as pulseiras, os cartões de acesso a todas as zonas da prova, os sacos para levar as nossas coisas e a autocaravana. 
Foi um dia em cheio... Era só "trutas" e "máquinas" por todo o lado... O ambiente hoje era de pura competição... 
O momento do "Registration"...
Estavámos muito nervosos mas também muito felizes... Olhem bem para a nossa cara...
       
Esta foi apenas uma das máquinas que pudemos ver… Nada mais nada menos que a bike do Christoph Sauser… Pudemos confirmar que afinal eles não têm motor… andam mesmo muito…
A todos aqueles que de uma maneira ou de outra permitiram que o nosso sonho se tornasse realidade o nosso MUITO OBRIGADO… Isto é mesmo fantástico…

Obrigado pelo apoio e pela amizade… 
   
Amanhã é o grande dia… Fiquem atentos…
Vai ser difícil dormir…
A partida é às 9h (7h em Portugal) mas queremos estar bem cedo na meta…

ABSA CAPE EPIC 2010 aqui vamos nós…








 Sexta 19, World Party, ABSA Cape Epic
De manhã começamos com o nosso treino. Desta vez acompanhados da dupla Portuguesa "Celina & Valério", que chegaram ontem.
Tivemos ainda a oportunidade de "andar na roda" da equipa vencedora do ano passado, os "BULLS"...
Depois do treino, era a hora de participarmos no primeiro evento oficial da prova: a World Party.
Foi um jantar convívio entre os participantes na edição do ABSA CAPE EPIC 2010 em que cada um era convidado a levar algo alusivo ao seu país.
O jantar foi óptimo, falamos para a televisão e tiramos muitas fotos...
Além disso tivemos a oportunidade de confratenizar com três das restantes equipas portuguesas: "Celina & Valério", "Sérgio & Paulo", "Daniel & Nuno". Foi muito emocionante quando, na apresentação dos países participantes, chamaram por Portugal, eramos apenas 10 pessoas mas parecíamos o triplo, tal foi o barulho que fizemos...
O nervoso miudinho já começa a deixar de ser miudinho...
A ansiedade começa a aumentar...
O ambiente é fantástico...


Quinta 18, Dia de descanso, Robben Island






Hoje foi dia de descanso... Aproveitamos para ir à Robben Island, local onde está localizada a prisão onde esteve o Nelson Mandela.







Quarta 17, Viagem Comboio a Simon's Town

Mais um treino, desta vez até à belíssima Hout Bay e quando chegamos um pequeno almoço à altura



























A seguir ao pequeno amoço fizemos uma viagem de comboio até Simon's Town e a St James












Terça 16, Visita de Cape Town em Autocarro

Para variar um pouco fomos para norte de Cape Town na R27 e as vistas sobre a Table Mountain são fantásticas











De seguida algumas casas pertencentes à raça negra na época do apartaheid

A montanha cabeça de leão e a sua cauda



















Uma vista de Cape Town da Table Mountain e a Table Mountain no fim do dia







Segunda 15, Cabo da Boa Esperança

Hoje fomos ao cabo da Boa Esperança e o treino foi mais uma vez na belíssima Victoria Road


Domingo 14, Cape Argus

A maior corrida de estrada do mundo, 110 km à volta de Cape Town com 38000 participantes...
Este ano contou com a participação especial do Armstrong...


Zona de partida

Zona de chegada


Sábado 13, primeiro dia em Cape Town


Vista da Table Mountain da Waterfront, almoço em Waterfront

 Foto em frente ao hotel antes de sairmos para o primeiro treino






















Camp Bay da Victoria road
  









Dia / Day 1          2010/03/12        Início da viagem / Start of the trip

O dia começou cedo, o relógio despertou às 3:00 para estarmos no aeroporto às 4:15 (da manhã). Primeiro contratempo, pesaram as malas das bicicletas e tínhamos 13kg a mais. Depois de algumas discussões a solução foi colocar todo o peso em excesso nas nossas mochilas (Vitargo em pó e as barras). Gostavamos de agradecer ao Hélder, à Eliana e aos meus pais pela ajuda rápida que nos deram. 

Como tínhamos algumas horas de espera em Frankfurt e fomos dar uma volta. Aproveitamos e com o peso que as mochilas tinham fizemos um treino de força pelas ruas de Frankfurt.






Depois de mais de 11 horas de viagem chegamos finalmente a Cape Town.